Com o aumento dos casos de covid-19 por conta da variante Omicrôn, algumas empresas – que já se movimentavam para retomar o trabalho presencial – tiveram que dar um passo atrás para garantir a segurança de seus colaboradores. Com isso, muitas estão tendo de retornar o formato 100% remoto.
Antes disso, em dezembro, foi divulgado o resultado de uma pesquisa da Revelo com mais de 24 mil companhias mostrando que 61,8% das empresas de tecnologia planejavam retomar o trabalho presencial nos escritórios, enquanto 78% dos profissionais dessa mesma área consideravam trocar de emprego caso não pudessem ter mais flexibilidade e optar por trabalhar de casa.
Outra pesquisa, a “2021 Work Trend Index”, da Microsoft, ouviu mais de 30 mil pessoas em 31 países, incluindo o Brasil, e apurou que mais de 70% dos entrevistados desejam ter opções flexíveis de trabalho remoto, ao mesmo tempo que 67% estão desejando mais tempo presencial com as suas equipes. Ou seja, oferecer flexibilidade e trabalho híbrido passa a ser uma realidade no pós-pandemia.
Entre os benefícios apontados pelos colaboradores para escolher empresas que oferecem mais flexibilidade estão a economia de tempo no trânsito e maior mobilidade, já que o colaborador pode trabalhar de onde quiser. No que se refere aos desafios do trabalho presencial, os profissionais apontam também que as interrupções in loco no ambiente da empresa atrapalham bastante a produtividade.
Frente a esses dados, o melhor que as empresas têm a fazer é lançar mão de estratégias capazes de apoiar o sucesso do trabalho remoto e o primeiro passo é investir na melhoria na comunicação entre as equipes. Essa comunicação precisa ser transparente, frequente e aberta entre gestores e colaboradores. Sabemos que hoje em dia temos a facilidade de contar com os apps de reuniões virtuais, porém o mais importante é termos consistência no contato com o colaborador.
Nesse sentido, a recomendação é pela realização de reuniões gerais com o objetivo de uniformizar as informações da companhia, de reuniões de equipe para contextualizar como a área está frente aos seus objetivos e desafios futuros e reuniões one-on-one para apoiar questões individuais de cada profissional. Aqui, estamos entrando em outro aspecto que tem sido amplamente discutido: a quantidade de reuniões realizadas, algo que não tem sido visto com bons olhos pelos colaboradores.
Assim, é importante avaliar também a necessidade dessas reuniões, pensando na saúde mental dos profissionais. Com base no que temos visto e conversado com empresas clientes, o recomendável é ao menos uma reunião mensal com a diretoria, de uma a duas por mês com a equipe e, quanto ao feedback individual, pelo menos uma a cada bimestre. É claro que esta é apenas uma recomendação, pois sabemos que as estratégias podem variar de empresa para empresa e dependem até do segmento de atuação.
Mais do que estar em reuniões, o que importa é entender os diferentes estilos de comunicação de seus funcionários, pois é a partir desse conhecimento que os gestores conseguem direcionar os seus esforços de comunicação e desenvolver ações de engajamento e motivação efetivas para suas equipes. A comunicação deve ser bilateral e não unilateral, e promover ambientes que incentivem o diálogo e a troca de informações é muito importante.
Já quando falamos dos desafios do trabalho remoto para os gestores, o que se exige deles é que tenham uma habilidade ainda maior em escutar e em promover uma cultura de apoio e de confiança, de forma a entender as dinâmicas e as diferenças de cada integrante da equipe. Isso envolve até mesmo avaliar o local de trabalho do colaborador, verificando se em casa ele tem um lugar adequado para o trabalhar, assim como equipamentos e internet de qualidade.
Outro ponto a ressaltar é a chamada “produtividade tóxica” que tem afetado a saúde mental dos profissionais. Fazer gestão de equipes remotas não significa fazer reuniões ou telefonar o dia inteiro. É necessário saber delegar, ter confiança no seu time e dar tempo para que possam entregar adequadamente suas tarefas.
Para minimizar os riscos e efeitos desse “fenômeno” surgido durante a pandemia e principalmente para os que estão em trabalho remoto, minha sugestão é utilizar mais sistemas integrados, pois isso permite que as informações fiquem centralizadas, eliminando reuniões desnecessárias. Outra dica é usar aplicativos de organização de rotina que também são bastante eficientes para a produtividade.
A melhor forma para melhorar o relacionamento das equipes é conhecer o perfil de cada um, suas potencialidades e dificuldades. Com o uso de avaliações comportamentais, as empresas conseguem fazer isso rapidamente e com eficiência, descobrindo as preferências comportamentais e estilos de comunicação de cada profissional e entendendo como cada perfil entrega seus resultados.
Além disso, é possível usar a ferramenta de Gestão de Profissionais a distância, um assessment direcionado aos gestores que tem se mostrado bastante eficiente no dia a dia das atividades. Uma questão que demanda atenção é a forma como os profissionais estão lidando com a realidade do trabalho remoto, o que pode ser descoberto usando ferramentas que analisam a Inteligência Emocional. A partir dos resultados obtidos fica mais fácil gerenciar as emoções tanto dos profissionais como as dos próprios gestores – afinal, para cuidar do outro, é preciso primeiro cuidar de si mesmo.
Rejane Matos – É administradora com especialização em inteligência de mercado e gerente de Marketing do Grupo Soulan e da Thomas International Brasil.