Burnout exige atenção das empresas à saúde e bem-estar
Com a pandemia, as empresas passaram a lidar com muitas questões relacionadas à preservação e manutenção da saúde de seus funcionários, incluindo a saúde mental, que foi bastante colocada à prova nesse período.
A saúde mental ganhou tanto destaque e relevância dentro das estratégias de gestão de pessoas das empresas que a Organização Mundial de Saúde, numa iniciativa inovadora, decidiu incluir o burnout na lista de doenças ocupacionais, fazendo com que as companhias se movimentem no sentido de prevenir esse diagnóstico, bem como para que saibam como lidar no caso dele atingir seus profissionais.
O que é a síndrome de burnout?
A síndrome de burnout está relacionada a um distúrbio psíquico que afeta a saúde mental e física, provocando um esgotamento profissional que pode levar a um stress severo. Condições recorrentes do ambiente de trabalho, como assédio moral, cobranças sistemáticas por metas, jornadas estendidas, grande volume de tarefas, clima organizacional e gestão tóxica, desencadeiam fundamentalmente a síndrome de burnout.
O papel das empresas na saúde mental dos colaboradores
O fato de a OMS ter incluído o burnout no rol de doenças ocupacionais é bastante positivo, pois sabemos que é preciso combater o preconceito e acabar com o tabu relacionado ao diagnóstico. É fato que dedicamos uma grande parte do tempo de nossas vidas ao trabalho institucional, mas nem sempre o ambiente corporativo se mostra adequado ou saudável.
Por isso, é preciso que as empresas pensem formas de convivências mais equilibradas para garantir a saúde mental e física de suas equipes, apoiando a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores, bem como desenvolvendo um ambiente aberto e sem julgamento, no qual as pessoas possam falar com tranquilidade e segurança sobre seus transtornos psicológicos, sem que tenham receio de discriminação ou, até mesmo, de dispensa. Afinal, o agravamento do estado emocional é maior quando o assunto não é tratado abertamente ou considerado um tabu entre as pessoas.
Com muita alegria tenho percebido um movimento crescente por parte de empresas que estão incluindo ações no dia a dia de seus funcionários que visam provocar mudanças positivas. Esse esforço acontece em conjunto com a área de Recursos Humanos e as lideranças, que, unidos, implementam práticas para melhorar o clima organizacional e aumentar a felicidade e o engajamento dos colaboradores. E, claro, é muito importante que colaboradores também estejam sensíveis à importância do autocuidado e do autodesenvolvimento.
Iniciativas que promovem saúde e bem-estar no trabalho
Alguns exemplos de programas ou iniciativas que aumentaram nos últimos dois anos são: práticas de meditação, quick massages, incentivo a exercícios físicos, palestras sobre dietas saudáveis, campanhas específicas sobre saúde mental, sessões de terapia on-line, happy hours, etc. Do meu ponto de vista, a implementação ou dedicação ao tema tem possibilitado às empresas trazer para dentro do ambiente corporativo a integralidade do ser humano, e entendo que isso é um ganho enorme para as instituições e principalmente para as pessoas, que mais do que nunca devem estar no centro das decisões empresariais.
Além dessas novidades de atenção ao profissional, existem outras ações que devem fazer parte da gestão. Elas refletem o cuidado com o colaborador.
Entre elas, estão evitar que o volume de trabalho adie as férias planejadas e oferecer feedbacks construtivos, com foco no autodesenvolvimento. Nesse caso específico, a utilização de ferramentas de avaliação comportamental apoia de forma objetiva as necessidades dos gestores e funcionários. Essas ferramentas promovem um maior nível de autoconsciência e permitem que cada profissional tenha uma escuta ativa e dedicada.
Por trás do uso de ferramentas psicométricas, está o interesse em criar uma comunicação mais descontraída e maior entendimento sobre prioridades. Isso permite que os líderes organizem tarefas e evitem que tudo se torne urgente. Entretanto, esse imediatismo nas empresas, especialmente nas que estão em trabalho remoto, gera muita pressão.
Esses são apenas alguns dos benefícios dessas ferramentas. Elas podem contribuir significativamente para criar e manter um ambiente corporativo saudável e respeitoso para todos.
Prevenção e suporte: caminhos para lidar com o burnout
Como especialista em gestão de pessoas, entendo que as empresas devem agir preventivamente em relação aos problemas de saúde mental. Isso é viável quando elas criam um ambiente onde os profissionais se sintam valorizados. No entanto, sabemos que, muitas vezes, as pessoas podem desenvolver burnout, mesmo com ações preventivas. Nesse caso, os gestores devem ficar alertas para não piorar a situação. Assim como em qualquer doença ocupacional, as empresas precisam adotar uma postura isenta de preconceitos. Elas devem oferecer empatia, sensibilidade e apoio, direcionando os funcionários para tratamentos adequados durante o afastamento.
Investigação e medidas corretivas para casos de burnout
Quando ocorre um caso de burnout, a organização deve, primeiramente, investigar as causas que desencadearam o esgotamento do colaborador. Ela precisa verificar quais pontos devem ser alinhados na área ou gestão. Muitas vezes, é necessário treinar gestores e equipes para reforçar os princípios éticos da empresa, com foco nas pessoas. Isso deve ocorrer com o apoio e a participação da área de Recursos Humanos, adotando uma postura acolhedora, sem estigmas. Acima de tudo, é crucial adotar medidas para evitar novas ocorrências, permitindo que o colaborador se sinta seguro e motivado a voltar ao trabalho.
Angelina Assis é psicóloga e gerente de relacionamento com clientes do Grupo Soulan.
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