O ano de 2022 foi bastante movimentado para o mercado de trabalho. Ainda sob o impacto do período pandêmico, muitas empresas decidiram seguir com estratégias que se mostraram bem-sucedidas para os negócios, como o home-office, adoção do trabalho híbrido, a ampliação de cuidados e benefícios focados em garantir a saúde mental de seus profissionais e maior investimento em treinamento e capacitação.
Mercado de trabalho: O Fenômeno “Quiet Quitting”
Esses são apenas alguns tópicos positivos, mas não podemos terminar o ano sem falar do fenômeno “quiet quitting”, que pode ser traduzido como “desistência silenciosa”. O tema demandou grande atenção e cuidado por parte das empresas, afinal ele se refere ao profissional que toma uma decisão de limitar suas tarefas ao estritamente necessário, ou seja, só faz o que está descrito no escopo de seu cargo, cumprindo rigorosamente o horário do expediente e evitando sobrecargas com prazos de entregas.
Em resumo, o “quiet quitting” visa estabelecer limites entre a vida profissional e a pessoal, que, convenhamos, foram imensamente impactadas no auge da pandemia, quando as pessoas de uma hora para outra se viram obrigadas a trabalhar de suas casas, sem tempo de se adaptar e com as rotinas de casa e trabalho se mesclando totalmente.
Essa “confusão” exigiu muito dos profissionais em termos de autoconhecimento, flexibilidade, organização, disciplina e muita, mas muita resiliência mesmo. Aqueles que não conseguiram colocar em prática essas habilidades certamente foram os mais impactados negativamente, com prejuízos principalmente na saúde mental.
A Grande Renúncia e Seus Reflexos no Brasil
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), fez um levantamento mostrando que quase três milhões de brasileiros pediram demissão no primeiro semestre de 2022. Esse movimento já tinha ganhado um nome: “The Great Resignation”, ou “A grande renúncia”, assim chamado por ter começado nos Estados Unidos no final de 2021, quando mais de 8,5 milhões de americanos pediram demissão sem ter outro trabalho engatilhado, segundo dados do Departamento de Trabalho norte-americano. Com isso, a porcentagem de trabalhadores que deixaram seus empregos de modo voluntário atingiu sua máxima histórica de 3% nos últimos meses daquele ano nos EUA.
Portanto, pensando no futuro, o principal tópico que as empresas precisam estar atentas é analisar a capacidade de aprendizado e de adaptabilidade de seus profissionais. O mundo e o mercado mudam cada vez mais rapidamente, exigindo uma adaptação ágil dos colaboradores para que possam se adequar às novas políticas e ferramentas de trabalho, que certamente vão continuar surgindo e se transformando daqui para o futuro e que, nem por isso, podem gerar movimentos semelhantes aos que temos visto no setor.
O Papel do Líder no Desenvolvimento das Equipes
As empresas só conseguirão alcançar suas metas quando contarem com equipes formadas por profissionais com as habilidades exigidas pelo mercado atual. Esses profissionais devem atender à crescente demanda por inovação e proatividade, além de entregar mais do que se espera. Eles também precisam ser capazes de influenciar outros times e colegas de trabalho. Nesse contexto, a presença de um líder que transmite a visão da empresa e engaja seus subordinados é essencial para o sucesso do grupo.
Diante desses desafios, fica claro que o grande desafio das empresas para 2023 será a formação de equipes de alto desempenho. Essas equipes devem apoiar o crescimento da organização em um ambiente cada vez mais competitivo.
Encontrar esses profissionais prontos e capacitados – e depois retê-los – não é uma tarefa fácil e deve estar no foco de melhoria de todas as empresas. O profissional de Recursos Humanos terá grandes responsabilidades para tornar o mercado futuro uma realidade nas empresas. Sua participação será crucial para que as organizações alcancem seus objetivos de negócios. Para isso, as empresas precisam entender que o RH deve estar envolvido em todos os processos. O RH é o único profissional nas organizações com um olhar de 360º sobre a gestão de pessoas.
Marcelo Souza – CEO do Grupo Soulan e Country Manager da Thomas International Brasil
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